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Marilda Sampaio recebe medalha Ruy Barbosa na abertura da II Conferência da Mulher Advogada

Superando todas as dificuldades que se instauraram no país nos últimos dias, a OAB-BA juntamente com a sua Comissão da Mulher Advogada abriram, na tarde de segunda-feira (28), a II Conferência Estadual da Mulher Advogada. O evento foi marcado pela palestra da presidente da OAB de Alagoas, Fernanda Marinela, e pela entrega da comenda Ruy Barbosa à presidente da subseção do município de Jacobina, Marilda Sampaio. Participaram da cerimônia o presidente da OAB-BA, Luiz Viana Queiroz, a vice-presidente, Ana Patrícia Dantas Leão, os conselheiros federais Fabrício Castro, Antônio Adonias e Ilana Campos, o secretário-geral Carlos Medauar, o secretário-geral adjunto Pedro Nizan, a tesoureira Daniela Borges, a secretária estadual de Políticas Públicas para Mulheres, Julieta Palmeira, a presidente da subseção de Guanambi Maria Luiza Brito, o presidente da CAAB, Luiz Coutinho, Andréa Marques, presidente da Comissão da Mulher Advogadas, Lia Barroso, presidente da Comissão de Proteção dos Direitos da Mulher, além de membros do Conselho Seccional e demais instâncias que compõem a entidade.  De acordo com Fernanda Marinela, o estabelecimento do dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher é uma prova que a sociedade está avançando na pauta da igualdade de gênero. No entanto, ainda segundo ela, esses avanços podem e precisam ser mais significativos. "Nós brasileiras já temos direitos previstos em Lei, mas o papel da nossa geração é construir esses direitos na realidade. Precisamos tirá-los do papel e levá-los para o nosso dia a dia. É uma grande responsabilidade que temos", frisou.
O presidente da OAB-BA, Luiz Viana Queiroz, manifestou o seu apoio ao movimento por paridade de gênero na Ordem. Ele deixou claro, por sua vez, que esta é uma construção que só será possível caso as advogadas estejam de fato comprometidas com o crescimento da OAB. 
"Eu apoio a paridade de gênero desde que seja em nome de bandeiras e não apenas para ocupar lugares por mulheres. Eu não quero estar ao lado de mulheres fascistas, protofascista ou que não estejam engajadas com a classe", frisou.
Luiz Viana deixou claro que na sua gestão as mulheres vêm sendo valorizadas não pelo gênero e sim pela competência com a qual desempenham suas funções. "Na nossa gestão foi a primeira vez que uma mulher ganhou a medalha Ruy Barbosa, Joselita Cardozo Leão. Agora é a primeira vez que uma mulher do interior recebe a comenda. Isso é um reconhecimento pelo trabalho". O ouro de Jacobina
Ao receber a maior homenagem da advocacia, Marilda Sampaio fez um discurso que emocionou o público presente salão Esmeralda do Wish Hotel da Bahia. Ela agradeceu a visibilidade que a atual Diretoria da seccional vem dando aos profissionais do interior e, sobretudo, às mulheres advogadas que trabalham distante da capital. 
"Hoje vocês veem a valorização de alguém que morou no subúrbio de uma cidade pequena do interior, cujos pais não tinham condições de bancar os estudos, mas que queria estudar, fazer algo diferente e melhor para a família. Porque, acima de tudo, nós mulheres trazemos o dom do acolhimento que a vida nos deu", afirmou.
Ela lembrou dos tempos difíceis que passou no início da carreira, bem como na vida pessoal, quando chegou a ser vítima de violência doméstica. "Foi minha filha, então com seis anos de idade, que disse pra mim: mãe, vamos embora. Naquela época, ela ainda criança já mostrava a força da mulher. É preciso encorajar as nossas mulheres para elas pararem de aguentar essa situação nefasta que acontece no nosso país".
Maria Luiza Brito, presidente da subseção de Guanambi, enfatizou a luta que Marilda Sampaio, há 27 anos, vem abraçando em nome da valorização da advocacia do interior. "É uma presidente muito aguerrida e um exemplo para a advocacia. Ao receber essa comenda, ela honra a todos os advogados da Bahia, mas principalmente nós advogados e advogadas do interior do estado". Bandeira de todos
A vice-presidente da OAB-BA, Ana Patrícia Dantas Leão, reforçou que a luta pela valorização da advocacia feminina não deve ficar restrita às mulheres. Afinal de contas, a classe é uma só. "Neste encontro podemos abraçar umas às outras nessa causa que nos une, assim como todos os homens, em prol da valorização da mulher". Daniela Borges, tesoureira da OAB-BA, pontuou que a representatividade que as mulheres têm hoje na seccional se deve fundamentalmente à sensibilidade do presidente Luiz Viana Queiroz. "Luiz Viana consegue olhar para as pessoas e enxergar além do gênero", disse.
Para Andréa Marques, presidente da Comissão da Mulher Advogada, as pautas referentes às mulheres começaram a andar de fato na Bahia com o presidente Luiz Viana. "Desde 2013, ele vem tendo um olhar bastante sensível para as nossas lutas. Sou feminista e, dificilmente, uma instituição abre as portas para quem é feminista, mas estou aqui e temos cada vez mais mulheres ao nosso lado". Troca de conhecimentos
A conselheira federal Ilana Campos enalteceu o evento, as pessoas envolvidas na organização e a possibilidades que os advogados e advogadas da Bahia tiveram de aprender algo mais sobre os desafios e transformações da mulher advogada. "Estamos aqui para discutir essas questões. Agradeço à Andréa Marques, Ana Patrícia e Daniela Borges, pois as três foram fundamentais para a construção desse evento". Julieta Palmeira, secretária estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, destacou que ações como esta renovam a esperança na construção de um Estado cada vez mais democrático. "É muito importante estarmos discutindo a mulher advogada e o seu protagonismo. Falar em amor em tempos de cólera significa falar em esperança. E a esperança é a democracia".
Ao longo do dia foram apresentados os painéis As Mulheres na Política; Mulher, Advocacia e Mercado de Trabalho; As Mulheres no protagonismo do Direito, Mulher, Corpo e Saúde. Foi realizada ainda a oficina do Grupo Mulheres do Brasil e assinada a ordem de serviço para a construção da nova sede da seccional de Itapetinga.    Lançamento de livro
Foi lançado também o livro Estudos Criminais: criminalistas baianas homenageiam a jurista Eliana Calmon. A diretora da ESA, Thais Bandeira, umas das organizadoras da obra, contou que o livro fala das dificuldades enfrentadas pelas advogadas criminalistas no seu dia a dia. 
"Quando nós vamos para uma delegacia, por exemplo, somos recebidas por homens, na sua grande maioria machistas, que entendem que a mulher, por ser mulher, não pode advogar nesta seara. Esse livro é um empoderamento de todas nós", afirmou. Foto: Angelino de Jesus/OAB-BA