A Ordem das (os) Advogadas (os) do Brasil, Seccional Bahia, através da Comissão de Promoção da Igualdade Racial, vem, no mês de julho de 2020, homenagear advogadas negras no “Julho das Pretas”, em mais um projeto da CPIR que visa enfrentar o racismo e suas implicações, trazendo a público breves palavras que são incapazes de exaurir a respeitável contribuição da Lilian Oliveira de Azevedo Almeida para a CPIR no sistema OAB.

Lilian Oliveira de Azevedo Almeida é baiana de Cachoeira, nascida em 05/04/1977. Filha de Sara Oliveira de Azevedo, eletricitária e Hermógenes Alcântara de Azevedo, também eletrcitário, ambos aposentados. Casada com Luís Almeida e mãe de duas filhas (Letícia, 8 anos  e Luísa 6 anos). Cresceu em Salvador nos bairros da Liberdade e Cabula. Desenvolveu a vivência plural em termos religiosos, pois a família materna é protestante e a outra parte proveniente da Igreja Católica, sendo assim desde cedo aprendeu que a fé ocupa lugar significativo na sua vida e que é fundamental o respeito ao direito de cada um viver a sua espiritualidade de maneira livre conforme suas crenças e não crenças.

Como mulher negra, confessa que demorou a perceber os males do racismo, talvez pelo fato de ter crescido num ambiente familiar amoroso e protetor. No entanto, como a maioria esmagadora das mulheres negras, também foi vitimada pelo racismo em diversas situações.

No ano de 1996 ingressou no curso de Direito na Universidade do Salvador – UNIFACS, sendo a única negra da sua turma. Não tardou em imergir no escritório de advocacia para as primeiras experiências no mundo jurídico que ora se descortinava.

Por dez anos exerceu advocacia privada. Este tempo foi essencial para o seu crescimento e compreensão da realidade. Como criminalista foi flagrante a constatação do quanto a comunidade negra da periferia é vitimada por um sistema opressor. Obstinada por ocupar o seu lugar, não tardou na preparação para concursos, pois entendia a importância de conquistar independência financeira como porta de entrada para autonomia numa sociedade patriarcal como a nossa.

Profissionalmente firmou-se como advogada pública. Há 9 anos é Procuradora do Município de Salvador, tendo servido na área social atuando em diversas representações jurídicas (Secretaria Municipal de Educação, Secretaria da Municipal da Saúde e Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza), é membro do Comitê Técnico de Combate ao Racismo Institucional - PCRI, já fez parte da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial OAB/BA. Entre os anos 2008 e 2010 atuou como Procuradora do Município de Aracaju- SE. Foi membro do Conselho Municipal da Mulher no biênio 2013 e 2014. É pós-graduada em Direito Processual e pós-graduanda em Direito Público Municipal e Advocacia Pública.

Ocupou por quase dois anos (2017-2019) os cargo de Subsecretária e Secretária Interina de Promoção Social e Combate a Pobreza -SEMPS (atual SEMPRE) no Município do Salvador. Nesta função envidou esforços para que os usuários da política e assistência social fossem ouvidos e suas demandas apreciadas pelo Poder Público. Lutou pela valorização das Organizações da Sociedade Civil – OSCs compreendendo o importante papel que desenvolvem nas políticas públicas.

Atualmente é Coordenadora das Representações Jurídicas junto a Procuradoria Geral do Município do Salvador e Vice-Presidente da Associação dos Procuradores do Município do Salvador, onde vem desenvolvendo cotidianamente um olhar responsável pelo serviço público como missão e estratégia para consolidar as demandas jurídicas sistêmicas, além de atuar no fortalecimento da advocacia pública municipal,  visando orientar, fiscalizar e  estimular boas práticas, quanto a gestão pública em nossa cidade.