Comissão de Promoção da Igualdade Racial publica memorial
Documento conta a história da Comissão e aponta principais ações realizadas desde 2004
No dia 27 de agosto de 2004 foi criada na OAB da Bahia a Comissão de Proteção e Defesa dos Direitos dos Afrodescendentes, que anos depois veio se tornar a Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial.
À época, o grupo foi presidido pela advogada Maria Alice Pereira da Silva e contou com apoio da então secretária-geral adjunta, Rosilene Apresentação, para ser criado. Este foi um marco na história da Seccional, que passou a sediar diversos eventos em defesa dos direitos dos afrodescendentes.
Com o encerramento do triênio 2019-2021, a Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial, hoje presidida pela advogada Dandara Pinho, lançou um Memorial que conta a história de luta desse grupo e destaca as principais conquistas alcançadas ao longo dos anos.
Dandara relembra que quando ingressou na Comissão como colaboradora, em 2013, teve muita dificuldade em acessar os registros daqueles que lhe antecederam e isso serviu de motivação para a construção do Memorial. "A gente que compreende as relações étnico-raciais sabe que tudo na vida tem uma memória, principalmente quanto esse legado é oriundo de mulheres negras. Quando o nosso trabalho é apagado, ele não reverbera e fica esquecido", disse.
Ela faz questão de destacar o legado das ex-presidentes Maria Alice da Silva, Eunice Gomes e Patricia Lima Lacerda, além de diversas outras mulheres e homens negros que somam forças a essa pauta. Ao longo dos anos, a Comissão cresceu em número de integrantes e, principalmente, em realizações.
Para se ter uma ideia, em 2013, 10 membros integravam a Comissão. Hoje, 74 advogados e advogadas compõem o grupo. Essa evolução está relacionada ao processo de abertura da OAB da Bahia, iniciado há nove anos. "Havia uma dificuldade da advocacia negra em ingressar no sistema OAB e se manter nele", pontuou Dandara.
A Comissão tem se destacado pelo trabalho junto às demais comissões do sistema em defesa da advocacia negra. Ao lado da Comissão de Direitos e Prerrogativas, por exemplo, tem se identificado casos de injúria racial e racismo que, muitas vezes, impedem o amplo exercício profissional.
Essas ações conjuntas têm sido importantes para traçar as ações de valorização da classe. "Estamos alinhados nessa perspectiva de lembrar e registrar o passado para avançar no futuro para que as próximas gerações tenham orgulho de ser advogados e advogadas negras", concluiu Dandara.