Agente do DOI foi responsável por carta-bomba na OAB
Brasília – O jornal O Globo publicou em seu site, nesta sexta-feira (11), matéria com o resultado das investigações da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, que aponta um agente do antigo DOI (Destacamento de Operações de Informações) como responsável por entregar a carta-bomba na OAB, em 1980. O atentado vitimou Lyda Monteiro da Silva, secretária do então presidente nacional da Ordem, Eduardo Seabra Fagundes.
Veja, abaixo, a íntegra da matéria.
Agente do DOI foi responsável por carta-bomba na OAB, diz Comissão da Verdade do Rio
Outros dois agentes foram apontados como autores pela confecção do artefato e comando da ação que matou funcionária
RIO — A Comissão da Verdade do Rio anunciou nesta sexta-feira que o atentado à bomba na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio, ocorrido em 27 de agosto de 1980 foi realizado por três agentes da repressão. Conforme O GLOBO antecipou, o sargento “Guarani” (Magno Cantarino Motta), agente do DOI, está entre o grupo e, segundo a investigação da Comissão, foi quem entregou pessoalmente o artefato.
No dia do atentado, a carta com explosivos foi aberta pela chefe da secretaria da entidade, Lyda Monteiro da Silva, de 59 anos, que morreu a caminho do hospital.
A OAB vai encaminhar à Procuradoria-Geral da República o relatório da comissão, com pedido de responsabilização dos agentes.
- Vamos também requerer do ministro da Defesa pedido de desculpas à família da vítima e à OAB, em nome do Estado brasileiro - informou o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.
Segundo testemunhas ouvidas pela Comissão, a ação foi comandada pelo coronel Freddie Perdigão Pereira, do CIE, e a bomba foi confeccionada pelo sargento “Wagner” (Guilherme Pereira do Rosário, morto no atentado do Riocentro).
A investigação da Comissão da Verdade do Rio durou dois anos e chegou a quatro testemunhas que ajudaram a identificar os autores.
À época, a autoria do ataque à OAB foi atribuída a grupos de direita contrários à redemocratização. No entanto, O GLOBO mostrou, em 2010, que depoimentos de militares apontavam uma conexão entre os dois ataques terroristas.
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Os oficiais contaram que o mesmo grupo responsável pelo atentado ao Riocentro teria mandado a carta-bomba para a OAB. Segundo um coronel da reserva que conhecia a fundo os agentes do DOI, “Wagner” e “Guarani” (Magno Cantarino Motta) participaram das duas operações.
ENTIDADE DIZ QUE ATENTADO FORTALECEU A SOCIEDADE
Logo após a revelação da Comissão da Verdade de que o atentado à bomba na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, em 1980, foi realizado por agentes da repressão, a entidade divulgou nota, assinada pelo presidente Marcus Vinicius Furtado Coêlho, lamentando o episódio, mas destacando que o ocorrido “acabou por fortalecer a sociedade brasileira”. Confira a nota na íntegra:
“Um encontro do Brasil com a sua história. Os nossos filhos agora poderão ler por completo esse pesar passado do país, a lembrar que jamais podemos admitir retorno à regimes de ditaduras. Nunca mais a voz única do autoritarismo. Queremos o respeito à pluralidade e a diferença, a convivência sem ódio e sem rancor. A intolerância não constrói uma nação justa e fraterna. A democracia pressupõe a liberdade. Para os males da democracia, apenas um remédio: mais democracia. A bomba, mesmo que dirigida ao presidente da OAB Nacional, foi lançada contra a sociedade brasileira, contra os valores democráticos e acabou por vitimar fisicamente dona Lyda Monteiro. O triste episódio acabou por fortalecer a sociedade brasileira, que lutou ainda mais duramente para a aprovação de uma constituição da República. Defender as garantias constitucionais é a melhor forma de homenagear a história de dona Lyda Monteiro e consolidar a democracia”, afirma, na nota, Marcus Vinicius Furtado Coêlho. Fonte: CFOAB
Veja, abaixo, a íntegra da matéria.
Agente do DOI foi responsável por carta-bomba na OAB, diz Comissão da Verdade do Rio
Outros dois agentes foram apontados como autores pela confecção do artefato e comando da ação que matou funcionária
RIO — A Comissão da Verdade do Rio anunciou nesta sexta-feira que o atentado à bomba na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio, ocorrido em 27 de agosto de 1980 foi realizado por três agentes da repressão. Conforme O GLOBO antecipou, o sargento “Guarani” (Magno Cantarino Motta), agente do DOI, está entre o grupo e, segundo a investigação da Comissão, foi quem entregou pessoalmente o artefato.
No dia do atentado, a carta com explosivos foi aberta pela chefe da secretaria da entidade, Lyda Monteiro da Silva, de 59 anos, que morreu a caminho do hospital.
A OAB vai encaminhar à Procuradoria-Geral da República o relatório da comissão, com pedido de responsabilização dos agentes.
- Vamos também requerer do ministro da Defesa pedido de desculpas à família da vítima e à OAB, em nome do Estado brasileiro - informou o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho.
Segundo testemunhas ouvidas pela Comissão, a ação foi comandada pelo coronel Freddie Perdigão Pereira, do CIE, e a bomba foi confeccionada pelo sargento “Wagner” (Guilherme Pereira do Rosário, morto no atentado do Riocentro).
A investigação da Comissão da Verdade do Rio durou dois anos e chegou a quatro testemunhas que ajudaram a identificar os autores.
À época, a autoria do ataque à OAB foi atribuída a grupos de direita contrários à redemocratização. No entanto, O GLOBO mostrou, em 2010, que depoimentos de militares apontavam uma conexão entre os dois ataques terroristas.
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Os oficiais contaram que o mesmo grupo responsável pelo atentado ao Riocentro teria mandado a carta-bomba para a OAB. Segundo um coronel da reserva que conhecia a fundo os agentes do DOI, “Wagner” e “Guarani” (Magno Cantarino Motta) participaram das duas operações.
ENTIDADE DIZ QUE ATENTADO FORTALECEU A SOCIEDADE
Logo após a revelação da Comissão da Verdade de que o atentado à bomba na sede da Ordem dos Advogados do Brasil, em 1980, foi realizado por agentes da repressão, a entidade divulgou nota, assinada pelo presidente Marcus Vinicius Furtado Coêlho, lamentando o episódio, mas destacando que o ocorrido “acabou por fortalecer a sociedade brasileira”. Confira a nota na íntegra:
“Um encontro do Brasil com a sua história. Os nossos filhos agora poderão ler por completo esse pesar passado do país, a lembrar que jamais podemos admitir retorno à regimes de ditaduras. Nunca mais a voz única do autoritarismo. Queremos o respeito à pluralidade e a diferença, a convivência sem ódio e sem rancor. A intolerância não constrói uma nação justa e fraterna. A democracia pressupõe a liberdade. Para os males da democracia, apenas um remédio: mais democracia. A bomba, mesmo que dirigida ao presidente da OAB Nacional, foi lançada contra a sociedade brasileira, contra os valores democráticos e acabou por vitimar fisicamente dona Lyda Monteiro. O triste episódio acabou por fortalecer a sociedade brasileira, que lutou ainda mais duramente para a aprovação de uma constituição da República. Defender as garantias constitucionais é a melhor forma de homenagear a história de dona Lyda Monteiro e consolidar a democracia”, afirma, na nota, Marcus Vinicius Furtado Coêlho. Fonte: CFOAB