Notícias

[3ª Conferência da Mulher Advogada debate reflexos da pandemia na vida da mulher]

3ª Conferência da Mulher Advogada debate reflexos da pandemia na vida da mulher

Com mais de 150 palestrantes e organizadoras, evento segue durante todo o dia com o tema "Igualdade, identidade e protagonismo coletivo"

O segundo dia da 3ª Conferência Estadual da Mulher Advogada foi aberto, na manhã desta quinta (29), com painéis sobre os reflexos da pandemia em diferentes áreas. 

Com mais de 150 palestrantes e organizadoras, a conferência será realizada durante todo dia e segue até sexta (30) com o tema "Igualdade, identidade e protagonismo coletivo". Este é o evento jurídico com maior participação feminina na história OAB-BA e está sendo transmitido ao vivo pelo YouTube. 

O primeiro painel desta quinta (29) foi voltado à discussão do processo de digitalização e de exclusão digital da sociedade durante a pandemia. Segundo a palestrante Tamiride Monteiro, presidente da Comissão Permanente de Tecnologia e Informação da OAB-BA, o isolamento acentuou a migração da sociedade para o mundo virtual.

"As pessoas já viviam em uma era de tecnologia, mas, com o isolamento, elas se viram, efetivamente, mergulhadas no mundo digital, sobretudo a advocacia jovem. Ela saiu dos seus escritórios, foi para casa e viu que os processos digitais eram uma realidade", disse.

Essa migração para o digital, entretanto, segundo Tamiride, não foi feita de forma uniforme, o que ficou melhor evidenciado com as aulas on-line. "As pessoas que tinham melhor condição financeira colocaram seus filhos para estudar de forma on-line, e as que tinham renda menor ficaram excluídas efetivamente do estudo digital", lamentou.

Também sobre o processo de digitalização na pandemia, a representante da Comissão Especial de Direito Digital da OAB-BA Gisele Kunz disse que, apesar de viverem em um mundo que vem “crescendo digitalmente”, ninguém esperava a migração do “off” para o “on” de forma tão acentuada. "Hoje, a gente tem aula, trabalho e entretenimento, tudo focado no digital", observou.

Kunz também destacou que a estruturação da tecnologia não acompanhou a formação das pessoas ao mundo digital. "A gente não tem uma educação digital. Temos uma sociedade com excesso de informação e fake news, que, em função velocidade acentuada de raciocínio rápido e superficial, tem gerado às crianças desafios de socialização", observou. 

*Distanciamento das redes de proteção voltadas à mulher*

Além da migração para o mundo virtual, a pandemia tem gerado outros reflexos na vida das mulheres, como o aumento dos casos de violência, discutido no painel "Pandemia e violência de gênero".

Para a palestrante Fabiane Almeida, presidente da Comissão de Direito Militar da OAB-BA , o maior desafio para a mulher em situação de violência é o distanciamento das redes de proteção na pandemia. 

"Esse distanciamento fez com que a violência aumentasse ainda mais, sendo que, nesse período de pandemia, a mulher ficou ainda mais vulnerável, tendo que ficar mais tempo com seu algoz", pontuou.

Ainda segundo Fabiane, as mulheres negras são as que mais sofrem violência, porque muitas vivem em local de "vulnerabilidade", em que o Estado só aparece de forma repressiva.

"Essas mulheres têm dificuldade até de chamar a Polícia, porque é muito difícil efetuar uma prisão numa comunidade. Mas, lá, muitas mulheres são vítimas de violência doméstica,  suas filhas são vítimas e muitas convivem com padrastos que a abusam sexualmente", lamentou.

Com opinião semelhante, a presidente da Comissão de Direito Criminal da OAB-BA, Fernanda Ravazzano, disse que, além de conviver com o agressor, a mulher também tem que lidar com a falta de acesso aos meios de comunicação e às instituições de proteção do Estado na pandemia. 

"Ela pode até conseguir acesso à internet e fazer queixa na Delegacia da Mulher, mas o depoimento tem que ser feito presencialmente, o que não faz sentido", informou.

Para amparar essas mulheres, Ravazzano destacou a necessidade de modernização da estrutura do Estado e de inserção da Polícia em diferentes realidades. "Em função do tráfico de drogas, o Estado não tem chegado na casa de muitas mulheres, mas precisa chegar", ressaltou.

*Ambiente pedagógico virtual*

Também nesta manhã, foi realizado o painel "Pandemia, aulas remotas e Exame de Ordem". Questionada sobre os desafios das aulas virtuais na pandemia, a presidente da Comissão de Educação Jurídica da OAB-BA, Cínzia Barreto, disse que o maior deles é ajustar pedagogicamente o espaço de educação ao ambiente virtual. 

"A construção pedagógica se dá pelo olhar e pelos gestos. É um outro cenário, que não o de casa, sozinho. Então é um desafio, que tem gerado reflexos negativos no aproveitamento desses espaços", pontuou.

Sobre a qualidade do Exame de Ordem na pandemia, a presidente da Comissão Estágio e Exame de Ordem da OAB-BA, Betha Nova, disse que as discussões sobre as provas são “apuradas de acordo com as realidades de todos os estados, com o objetivo de conseguir uma efetividade e manutenção da sua excelência”.

A programação contou, ainda, nesta manhã, com os painéis "Advocacia, teletrabalho e maternidade real", conduzido por Renata Deiró e Raquel Franco, e “Pandemia e Aquisição Privada de Vacinas”, por Isabela Câmara e Roberta Casali.

A conferência segue até o final do dia com nomes importantes da área. A programação completa do evento e relação dos palestrantes podem ser acessadas aqui.

SERVIÇO
Evento: 3ª Conferência Estadual da Mulher Advogada
Quando: 28 a 30 de abril
Transmissão no canal da OAB-BA no YouTube
Incrições gratuitas no Sympla
Programação da Conferência

Leia também:
OAB-BA promove 3ª Conferência Estadual da Mulher Advogada
3ª Conferência Estadual da Mulher Advogada é aberta com tema "Igualdade, identidade e protagonismo coletivo"

Foto: Angelino de Jesus OAB-BA