Congresso da Jovem advocacia chega ao último dia com quase 7 mil inscritos
Transmitido virtualmente, evento segue até o final do dia discutindo os principais desafios da jovem advocacia na atualidade
Maior evento da história da OAB Jovem, o II Congresso On-line da Jovem Advocacia Baiana abriu seu último dia, nesta sexta (28), com novos debates voltados à advocacia em início de carreira.
Transmitido pelo site, o evento segue até o final do dia com painéis virtuais e presenciais, realizados no estúdio da Jusbrasil, discutindo os principais desafios da jovem advocacia na atualidade.
O presidente da OAB-BA, Fabrício Castro, foi o responsável por dar as boas-vindas na abertura do último dia. Ao agradecer a presença dos convidados, Fabrício informou que o congresso bateu o recorde de 7 mil inscritos. "Isso só está ocorrendo graças à competência da OAB Jovem", ressaltou.
À frente da organização do congresso, a presidente da OAB Jovem, Sarah Barros, falou sobre a responsabilidade de reunir 200 palestrantes em uma programação plural e agradeceu a confiança aos jovens advogados. "Se estamos com toda essa audiência, é porque eles acreditaram no evento e o fizeram acontecer", disse.
Também presente na abertura do dia, o tesoureiro da OAB-BA, Hermes Hilarião, voltou a classificar o evento como uma "grande realização" da OAB Jovem e parabenizou a força da jovem advocacia baiana.
Encerrados os cumprimentos iniciais, a programação seguiu com a palestra do professor Pablo Stolze no painel "Direito Civil e pandemia". Em suas considerações, Stolze classificou a pandemia como um "evento fortuito de força maior" e destacou a necessidade de o advogado fundamentá-la na peça processual.
"Não basta dizer que o contrato não foi cumprido ‘por causa da pandemia'. Se ela impactou seu contrato, fundamente isso. Apresente algum balancete, algum elemento probatório. É preciso haver o ônus da argumentação jurídica", explicou.
Ao falar sobre as medidas necessárias para a localização de bens do devedor, o palestrante José Andrade destacou que é preciso ao advogado conhecer as novas ferramentas de busca de bens.
Andrade também falou sobre a importância da execução no trâmite processual. "Entregar resultado ao cliente é a essência do nosso trabalho. A nossa justiça perde a finalidade, se não der resultado", ressaltou.
No painel "O Poder da Comunicação", o jornalista Jefferson Beltrão disse que o "exercício da oratória é desafiador". "Há embates a fazer e pessoas a convencer, o que requer muita performance. É um desafio", pontuou.
No mesmo painel, o palestrante Gustavo Azevedo utilizou uma frase de Nelson Mandela para aconselhar a jovem advocacia. “Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração. Por isso seja direto, seja simples e seja honesto”, aconselhou.
Novos horizontes
Os desafios e oportunidades da jovem advocacia em novas áreas de direito também foram debatidos no evento. No painel dedicado ao tema, a presidente da Advocacia Iniciante da OAB-RN, Ana Laura Rego, afirmou que a primeira grande dificuldade do jovem advogado é o impacto entre teoria e pratica.
"A faculdade não prepara o advogado para ingressar no mercado de trabalho. É muito mais voltada para que o profissional siga a carreira acadêmica".
Para superar essas dificuldades, Ana Laura sugeriu ao jovem advogado identificar sua área profissional, buscar aperfeiçoamento contínuo e ter planejamento.
A presidente da Jovem advocacia da OAB-SP, Nicole Capovila, orientou que os jovens advogados comecem suas especializações desde a faculdade. "Façam estágios, comecem a ver o que efetivamente gostam dentro da advocacia. Isso já vai ajudar a descartar o que não é de seu interesse", orientou.
Com exposição sobre advocacia previdenciária, o presidente da OAB Jovem da subseção de Gandu, Wanderson Rocha, disse o que falta para que o Direito Previdenciário tenha ascensão é um "olhar mais sensível".
Wanderson também deu dicas para os profissionais que desejam atuar na área, como oferecer um atendimento completo e realizar checklist da documentação. "Um processo bem instruído e completo, com certeza, resultará em sucesso", pontuou.
Ao abordar Direito Imobiliário, o palestrante Gladiston Rocha falou sobre as possibilidades ao jovem advogado. "É muito comum se deparar com alguma questão envolvendo o Direito Imobiliário. Hoje, existem várias áreas de trabalho, em empresas, bancos ou modalidades de regularização fundiária urbana, por exemplo", disse.
Gladiston também lembrou que o Direito Imobiliário seguiu em evidência na pandemia, uma vez que vários contratos tiveram que ser revistos. "Muitas empresas fecharam. Ou seja, a crise chegou, mas trouxe perspectiva de trabalho para o advogado que atua na área", observou.
Ética é escolha
No painel "Cordialidade, ética e deveres profissionais", a presidente do Tribunal de Ética da OAB-BA, Simone Neri, disse que "ética é decisão, ética é escolha". "Posso fazer tudo, mas não devo", ressaltou.
O palestrante Rui Carlos lamentou que a classe esteja perdendo a urbanidade no exercício da profissão. "No atuar da advocacia, se esqueceu da cordialidade, que é algo que vem de casa. A urbanidade é uma conduta ética, que, infelizmente, estamos perdendo", lamentou.
Representando a subseção de Guanambi, Maria Luiza Brito disse temer as constantes violações ao Código de Ética da advocacia. "Isso é muito preocupante. Estamos enfrentando problemas muitos sérios na visão do que é advocacia. Está havendo uma mercantilização da profissão, que é vedada pelo nosso regramento", pontuou.
O painel foi encerrado com as considerações do presidente da Comissão de Fiscalização do Exercício Profissional da OAB-BA, José Henrique, que recriminou o uso indiscriminado da tecnologia pela advocacia.
"Não podemos confundir usar rede social para levar um conteúdo jurídico com usá-la para um objetivo comercial. Não podemos permitir brincadeiras que ultrapassem os limites da advocacia, isso não convém", pontuou.
O congresso segue até o final dia com nomes importantes da área.
Foto: Angelino de Jesus/OAB-BA