Quem cultiva a ideia retrógrada da mulher como ser frágil e desprovido de potencial transformador precisa dar umas voltas pelos corredores da OAB-BA e bater perna nos tribunais baianos. Quem se permitir sair do seu mundinho fechado, certamente irá se deparar com a imponência da Drª Tamíride Monteiro Leite e mudar esse (pre)conceito.  Mulher, descendente de índios, criada no distrito de Pilar, no norte baiano, Tamíride concentra um sem fim de estereótipos e, no que dependesse da sociedade, viveria coagida pela intolerância. Mas submeter-se a caprichos não faz parte do modo de vida desta advogada.    Até se encontrar com o Direito, Tamíride percorreu outros caminhos. Formou-se no curso técnico de Química e concluiu a graduação em Sistema da Informação. Essa trajetória contribuiu para que ela se tornasse uma referência em todo o país no campo do Direito Digital. A paixão pela advocacia nasceu quando a então funcionária da Ordem Terceira do Carmo viu o benefício que uma advogada bem intencionada pode trazer para a sociedade. Despertou em Tamíride o desejo de dar voz a quem não tinha como se expressar. “O Direito foi uma escolha de vida pra tentar ser portadora de conhecimento técnico para quem não tinha”. Assim, iniciou uma nova faculdade e desde 2007 carrega com méritos a carteira da Ordem. Inovadora
Já no início da carreira jurídica percebeu como o conhecimento em tecnologia lhe seria útil. “Como venho da área de Sistema de Informação, gerenciei todo o meu escritório e ele foi um dos primeiros do estado a ser totalmente informatizado”, explica. O pioneirismo foi possível graças ao poder desbravador de Tamíride, que garimpou seu espaço em um campo predominantemente masculino. Ela conta que a área de tecnologia é ocupada por mais de 90% de homens e que pra ela não tem sido tarefa fácil se afirmar nesse campo. Superar desafios, por sua vez, tem sido nada mais do que a rotina desta advogada. “No Direito Digital você ainda é colocada no canto e quebrar esse paradigma é muito difícil. Mas eu sou uma desafiadora e enquanto tiver dificuldade estou ali batendo na porta e dizendo: sou mulher, advogada, entendo de tecnologia e quero respeito”, frisou. Da queixa ao trabalho
E foi em busca de superar mais um obstáculo que aflige toda a classe que Tamíride ingressou na OAB-BA. Era o ano de 2013, início da primeira gestão de Luiz Viana, e ela foi até o prédio da Piedade levar ao presidente as reclamações sobre o sistema eletrônico. “Ele [Luiz Viana], como uma pessoa bastante sugestiva, me pediu um projeto e disse que se fosse tudo bem eu entraria na OAB. Eu vim reclamar e recebi trabalho”. Desde então, foi amor à primeira vista. Na OAB-BA Tamíride encontrou terreno fértil pra conciliar o conhecimento em tecnologia com o Direito e assim ajudar os colegas. O seu trabalho vem sendo reconhecido por toda a Diretoria da seccional e desde 2014 ela é a presidente da Comissão de Informática Jurídica da OAB-BA. “A tecnologia me trouxe pra OAB e o acolhimento da gestão de Luiz Viana meu deu conforto. Digo que aqui recebi a pá, o cimento e os tijolos para fazer uma construção”, descreve. O respeito conquistado por Tamíride tem sido tamanho que, hoje, ela é a única mulher a representar o Conselho Federal da classe no Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Com entusiasmo, ela conta como chegou a este importante lugar: “Quem apostou na minha capacidade foi o presidente Luiz Viana, que foi reconhecido pelo presidente nacional, Claudio Lamachia, e os conselheiros federais”.

Adentrando o castelo 
Se hoje Tamíride transita com desenvoltura pelas salas de reuniões e auditórios da OAB, o mesmo não acontecia nos seus primeiros anos de advocacia. Ela conta que até 2013 a Casa dos advogados e advogadas não se mostrava tão acolhedora. “Até a gestão do presidente Luiz Viana, a sede da OAB era um castelo impenetrável para mim, que só servia para comprar botons, adesivos e pagar boletos”, relembra. Essa atmosfera mudou a partir do momento que Tamíride passou a reconhecer na diretoria da OAB-BA não uma realeza e sim um grupo de colegas empenhados em fazer o melhor pela classe. “A gestão de Luiz Viana traz um diferencial porque ela consegue ver nas pessoas a sua capacidade e dar oportunidade para elas colocarem em prática seus projetos. Nunca tinha visto uma OAB tão democrática e de portas tão abertas para todos e todas”. Para Tamíride, uma vez abertas, essas portas deixaram de ser barreiras da fortaleza e se tornaram pontes que conectam os milhares de advogados do nosso estado à entidade que os representa. “Daqui pra frente não tem como retroceder porque Luiz Viana é muito forte. Espero que as próximas gestões sejam seguidoras desse espírito democrático que escuta e atende as pessoas. Digo que existe uma OAB antes de LV e outra depois de LV”.   Mulheres da OAB-BA
Em reconhecimento à participação feminina nos trabalhos da OAB-BA, a seccional deu início a uma série de reportagens especiais contando um pouco da trajetória de vida de algumas dessas mulheres que integram a Diretoria Executiva, o Conselho Seccional, CAAB, Escola Superior de Advocacia e as diversas Comissões da Ordem. A cada semana, será publicado um perfil contando a história e a trajetória profissional dessas advogadas que têm se dedicado à luta em defesa do Direito, algo indispensável para a expansão da Justiça na sociedade. Leia os textos já publicados
Ana Patrícia Dantas Leão: primeira vice-presidente da história da OAB-BA
Daniela de Andrade Borges: A Diretora Tesoureira
Ilana Campos: A Conselheira Federal
Dora Marcia Zalcbergas: A Presidente da Comissão do Idoso
Lia Barroso: Presidente da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher
Andrea Marques: Presidente da Comissão da Mulher Advogada
Thaís Bandeira: Diretora da Escola Superior de Advocacia
Isabela Bandeira: Conselheira e Presidente da Comissão de Seleção
Sarah Barros Galvão: Vice-presidente do Conselho Jovem da OAB-BA
Maíra Vida: Presidente da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa
Roberta Casali: Vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente Fotos: Angelino de Jesus (OAB-BA)