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[Saul Quadros Filho, um advogado exemplar!]

Saul Quadros Filho, um advogado exemplar!

Acordo com a notícia aterradora: Saul Quadros se foi! Fui seu estagiário no Mosteiro de São Bento da Bento da Bahia e sucessor quando ele foi nomeado Procurador Geral do Município de Salvador, na gestão do Prefeito Mário Kertész, de quem era amigo desde a infância no Colégio Dois de Julho. Saul cursou Direito na FDUFBA, foi Presidente do DCE e preso por quarenta dias quando do Golpe Militar de 1964. Formado, integrou a prestigiosa banca de advocacia do Professor Milton Tavares. Casou-se com a sua companheira de vida, doutora Ismenia Quadros, Desembargadora do Trabalho, construindo uma família de advogados Daniela, Ludmila e Saulzinho, que lhe deram netos. Reverenciava  os irmãos Nelson Quadros e o arquiteto Ruy, falecido precocemente.

Desde cedo, Saul embrenhou-se na política de classe, tendo sido Conselheiro Estadual e Federal da Seccional baiana da OAB, Presidente da CAAB - Caixa de Assistência dos Advogados da Bahia, em cuja gestão foi adquirida a atual sede na Praça Almeida Couto (Largo de Nazaré) e implantado o serviço médico  e serviço odontológico que, posteriormente, foram ampliados por outras gestões. Elegeu-se Vice-Presidente em uma das gestões do Presidente Thomas Bacelar e Presidente da OAB-BA em duas gestões consecutivas, pelo voto da classe , de 2007 a 2012, gestões de reconhecido brilho.

Como advogado, foi incansável! Nunca deixou um dia sequer a militância e pregava a ética profissional por onde andava, com palavras fortes e com o eloquente exemplo! Daí ser admirado até por eventuais adversários políticos que lhe reconheciam a competência, o talento, a ética e o amor à profissão. Certa feita, fora de mandato na OAB, lhe indaguei se não pensava na política tradicional, ao que retrucou: - não amigo, a minha paixão, além da minha família, é a Ordem! Outra paixão era o magistério superior, tendo sido professor de Direito Constitucional e Direito do Trabalho da UCSAL por décadas e muito querido pelo alunado por sua dedicação ao ensino, didática e compromisso com o Estado Democrático de Direito, além do carinho que tinha pelos seus alunos que o escolheram em diversas ocasiões para paraninfar turmas. Amava também o Esporte Clube Bahia e a sua Vitória da Conquista.

Particularmente, perdi um grande amigo e conselheiro a quem recorria em momentos de decisão e dúvidas próprias a quem vive. Ele também me consultava, pela confiança recíproca! A sua partida, no auge da sua vitalidade quase octogenária, deixa um vazio na advocacia baiana e em meu coração que chora com a ausência da referência, do preceptor, do exemplo das boas práticas de vida profissional.

Siga em paz, querido amigo!

Antonio Menezes Filho