OAB-BA lembra 35 anos de carta-bomba e morte de Lyda Monteiro
A OAB-BA, por meio da sua Comissão da Verdade, promoveu, na tarde da última quarta-feira (05/08), no auditório da seccional, um painel em memória aos 35 anos de morte de Lyda Monteiro, funcionária do Conselho Federal da OAB, que foi alvo de um atentado com uma carta-bomba na sede da entidade, em 27 de agosto de 1980.
Coordenada pelo presidente da seccional baiana, Luiz Viana Queiroz, a mesa alta do evento contou com a participação do vereador e ex-governador da Bahia, Waldir Pires, do filho de Lyda Monteiro, o advogado Luiz Felippe Monteiro Dias, dos membros da Comissão da Verdade da OAB-BA Jeferson Braga e Carina Caldas, do ouvidor-geral da seccional, Adilson Affonso de Castro, do presidente do grupo “Tortura Nunca Mais na Bahia” (GTNM-BA), Joviniano Neto, do major Maciel, do Comando da PM/BA, e do advogado Rui Patterson.
“Nós, hoje, fizemos uma noite de homenagem póstuma a Lyda Monteiro, secretária do Conselho Federal da OAB, que foi morta num atentando dirigido ao então presidente da entidade, Eduardo Fagundes. Esse evento, então, serviu para tornar memorável aquela data e para que a gente possa construir um futuro melhor, onde atos como aquele não se repitam mais”, explicou Luiz Viana.
Para Jeferson Braga, o evento representou “um marco na defesa da democracia da Ordem”. “Gostaria muito de agradecer à diretoria e à equipe de toda a OAB-BA, porque, sem eles, esse evento não teria acontecido”, complementou Braga, que lembrou, ainda, das outras duas ações ocorridas no mesmo dia do atentado à OAB: “Uma foi na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e a outra na sede do jornal ligado ao Partido Comunista do Brasil, Tribuna da Luta Operária”, disse.
Visivelmente emocionado, Luiz Felippe Monteiro também agradeceu à OAB pela iniciativa: “Fico muito satisfeito com esse evento promovido pela seccional baiana. O presidente está marcando a gestão dele com a consolidação da democracia, uma vez que, ao lembrarem dos atentados da época tenebrosa que foi a ditadura militar, eventos como este nos afastam de um retrocesso”, destacou.
Carta-bomba
Ainda no evento, Luiz Felippe Monteiro falou sobre a época do atentado: “Em 27 de agosto de 1980, minha vida mudou completamente. Eu já era advogado, tinha 23 anos, quando soube da notícia. Até hoje tenho dor no estômago só de lembrar. Minha mãe entrou na OAB em 1937 e ficou lá, até 1980, quando faleceu. Foram 44 anos de dedicação completa”, disse.
Em relação à apuração do caso, Felippe afirmou acreditar em descaso das autoridades e atribuiu ao regime militar a culpa pelo atentando: “O fato nunca foi apurado, muito em função do período em que vivíamos. A própria oposição, na época, calou-se, em troca da garantia das eleições de 82. Discordo, então, daqueles que acham que minha mãe foi um mártir na abertura da democracia, porque, na minha concepção, a democracia só se consolida, de verdade, no momento em que nossa história é complemente recuperada. Mas ainda tenho esperança que, ao crescerem, meus filhos consigam estudar esse episódio já com o nome de todos os culpados”, afirmou.
Também relembrando o caso, Luiz Viana leu uma manifestação do então presidente do Conselho Federal, Eduardo Seabra Fagundes, escrita à época do atentado: “Foi tudo muito traumático e até hoje me emociono. O corpo dela foi levado a pé, numa passeata daqui até o cemitério de São João Batista. Não tive condições psicológicas de acompanhar o cortejo. Fui direto para o cemitério, onde havia uma multidão. Aquilo foi a demonstração exata de que o povo havia sido atingido também por aquela agressão terrível. A morte de dona Lyda contribuiu para maximizar o ato e proteger a Ordem”, reproduziu Viana.
Complementando seu discurso, o presidente da OAB-BA falou sobre a necessidade da apuração do caso: “Não podemos esquecer o que aconteceu. É preciso que sejam apuradas as responsabilidades, não pela imputação de culpabilidades individuais, mas pela necessidade de se revelar a verdade sobre a nossa história”, destacou.
Ainda durante a visita de Luiz Felippe à OAB da Bahia, a seccional entregou ao advogado uma placa em homenagem à data.
Foto: Angelino de Jesus (OAB-BA)
A OAB-BA, por meio da sua Comissão da Verdade, promoveu, na tarde da última quarta-feira (05/08), no auditório da seccional, um painel em memória aos 35 anos de morte de Lyda Monteiro, funcionária do Conselho Federal da OAB, que foi alvo de um atentado com uma carta-bomba na sede da entidade, em 27 de agosto de 1980.
Coordenada pelo presidente da seccional baiana, Luiz Viana Queiroz, a mesa alta do evento contou com a participação do vereador e ex-governador da Bahia, Waldir Pires, do filho de Lyda Monteiro, o advogado Luiz Felippe Monteiro Dias, dos membros da Comissão da Verdade da OAB-BA Jeferson Braga e Carina Caldas, do ouvidor-geral da seccional, Adilson Affonso de Castro, do presidente do grupo “Tortura Nunca Mais na Bahia” (GTNM-BA), Joviniano Neto, do major Maciel, do Comando da PM/BA, e do advogado Rui Patterson.
“Nós, hoje, fizemos uma noite de homenagem póstuma a Lyda Monteiro, secretária do Conselho Federal da OAB, que foi morta num atentando dirigido ao então presidente da entidade, Eduardo Fagundes. Esse evento, então, serviu para tornar memorável aquela data e para que a gente possa construir um futuro melhor, onde atos como aquele não se repitam mais”, explicou Luiz Viana.
Para Jeferson Braga, o evento representou “um marco na defesa da democracia da Ordem”. “Gostaria muito de agradecer à diretoria e à equipe de toda a OAB-BA, porque, sem eles, esse evento não teria acontecido”, complementou Braga, que lembrou, ainda, das outras duas ações ocorridas no mesmo dia do atentado à OAB: “Uma foi na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e a outra na sede do jornal ligado ao Partido Comunista do Brasil, Tribuna da Luta Operária”, disse.
Visivelmente emocionado, Luiz Felippe Monteiro também agradeceu à OAB pela iniciativa: “Fico muito satisfeito com esse evento promovido pela seccional baiana. O presidente está marcando a gestão dele com a consolidação da democracia, uma vez que, ao lembrarem dos atentados da época tenebrosa que foi a ditadura militar, eventos como este nos afastam de um retrocesso”, destacou.
Carta-bomba
Ainda no evento, Luiz Felippe Monteiro falou sobre a época do atentado: “Em 27 de agosto de 1980, minha vida mudou completamente. Eu já era advogado, tinha 23 anos, quando soube da notícia. Até hoje tenho dor no estômago só de lembrar. Minha mãe entrou na OAB em 1937 e ficou lá, até 1980, quando faleceu. Foram 44 anos de dedicação completa”, disse.
Em relação à apuração do caso, Felippe afirmou acreditar em descaso das autoridades e atribuiu ao regime militar a culpa pelo atentando: “O fato nunca foi apurado, muito em função do período em que vivíamos. A própria oposição, na época, calou-se, em troca da garantia das eleições de 82. Discordo, então, daqueles que acham que minha mãe foi um mártir na abertura da democracia, porque, na minha concepção, a democracia só se consolida, de verdade, no momento em que nossa história é complemente recuperada. Mas ainda tenho esperança que, ao crescerem, meus filhos consigam estudar esse episódio já com o nome de todos os culpados”, afirmou.
Também relembrando o caso, Luiz Viana leu uma manifestação do então presidente do Conselho Federal, Eduardo Seabra Fagundes, escrita à época do atentado: “Foi tudo muito traumático e até hoje me emociono. O corpo dela foi levado a pé, numa passeata daqui até o cemitério de São João Batista. Não tive condições psicológicas de acompanhar o cortejo. Fui direto para o cemitério, onde havia uma multidão. Aquilo foi a demonstração exata de que o povo havia sido atingido também por aquela agressão terrível. A morte de dona Lyda contribuiu para maximizar o ato e proteger a Ordem”, reproduziu Viana.
Complementando seu discurso, o presidente da OAB-BA falou sobre a necessidade da apuração do caso: “Não podemos esquecer o que aconteceu. É preciso que sejam apuradas as responsabilidades, não pela imputação de culpabilidades individuais, mas pela necessidade de se revelar a verdade sobre a nossa história”, destacou.
Ainda durante a visita de Luiz Felippe à OAB da Bahia, a seccional entregou ao advogado uma placa em homenagem à data.
Foto: Angelino de Jesus (OAB-BA)