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Ilana Campos: A Conselheira Federal

Há quem acredite no acaso. Há quem diga que o destino seja uma mera questão de sorte ou azar. Fato é que acontecimentos pequenos são capazes de mudar muitas histórias. A hoje respeitada conselheira federal da OAB pela Bahia, Ilana Katia Vieira Campos, preparou-se durante toda a juventude para ser uma bem sucedida educadora física. Uma lesão no joelho esquerdo, no entanto, a afastou das quadras, tatames e piscinas lançando-a nos fóruns e tribunais. Caçula de uma família de sete filhos, Ilana teve no esporte um dos pilares da sua formação. Não por acaso, a dedicação e disciplina na profissão e trabalhos da Ordem, onde atua há 30 anos são tão presentes.  “Dos nove aos vinte e tantos anos fui nadadora, lutei taekwondo. Fui fazer o vestibular para Educação Física e, poucos dias antes do teste físico, houve uma competição na Ilha de Itaparica e eu estourei o menisco”, relembra. Arrasada com a situação, a jovem atleta buscou refúgio nas Ciências Humanas e, ainda sem saber exatamente o que fazer da vida prestou vestibular para Direito. Ilana foi aprovada nos exames da Ufba e da Católica e durante o primeiro semestre cursou ambas as faculdades, mas optou pela Federal e lá, no ano de 1986, se formou. O desencontro de Ilana com curso durou pouco tempo. Já no primeiro semestre foi estagiar na biblioteca do Tribunal de Justiça, onde fazia fichas e resumos para o ainda em implantação Sistema de Jurisprudência e desde então não parou de trabalhar. Passou pelo Tribunal de Contas, Defensoria Pública, estagiou na OAB, prestou serviços em escritórios de advocacia, até que se encontrou de vez no escritório do professor João Sento Sé, doutor em Direito Administrativo e um dos mestres publicamente reconhecidos por Ilana. Enquanto trabalhava naquele escritório que foi uma verdadeira escola ela fez especializações, mestrado e permanece até hoje no campo do Direito Administrativo. Gênero respeitado
O profissionalismo que Ilana vem conduzindo a sua carreira ao longo dos anos é proporcional ao respeito que ela, mulher advogada, tem conquistado nos ainda machistas ambientes onde se vive o Direito. Ela garante nunca ter sofrido qualquer tipo de dificuldade relacionada ao gênero. A receita para a vida transcorrer dessa forma tem sido trabalhar sem pensar nos problemas que podem existir na profissão pelo fato de ela ser mulher. “Sempre fui muito bem aceita em todos os ambientes jurídicos e judiciários que passei aqui na Bahia. Dentro do Fórum Ruy Barbosa, que é onde trabalho diuturnamente, eu nunca tive problemas de preconceito”. O preconceito, por sua vez, foi presente na sua juventude, devido a precocidade. “Meu rosto era muito de menina e quando me apresentava como advogada, me olhavam mais de uma vez pra ver se aquela pessoa tão jovem tinha mesmo aquela profissão que estava externando”, contou. OAB
E foi com aquela expressão adolescente que Ilana ingressou nos trabalhos da OAB. Através do amigo Renato Macedo, hoje procurador do município, foi levada para trabalhar na campanha do Dr. Rubens Mário de Macedo, ex-presidente da OAB-BA e pai de Renato. Assim como ocorreu durante a vida acadêmica, na OAB Ilana trilhou diferentes caminhos, sempre em busca de trazer benefícios para a classe e sociedade. “Gostava muito de trabalhar no SAJ (Serviço de Assistência Judiciária da OAB), posteriormente fui monitora trabalhando voluntariamente e segui pelos trabalhos da OAB. Independentemente de quem estava no poder eu estava lá ajudando”, afirma. Hoje membro do Conselho Federal, Ilana enxerga o cargo como mais uma oportunidade de seguir colaborando com a construção de uma sociedade mais justa. “Ser conselheira federal é um trabalho como o da Comissão de Defesa de Prerrogativas. Trabalho em favor da classe, para a classe e sociedade. O trabalho é hercúleo, mas estamos seguindo”, garantiu. Marco
Frente a este cenário de luta, Ilana vê na gestão do presidente Luiz Viana um marco na advocacia baiana, onde o símbolo maior desta nova era é o enfrentamento real da crise do Judiciário. “Isso nós não tivemos antes. Criticávamos porque sabíamos que batendo levantaria a poeira para que alguém construísse uma solução. Luiz Viana começou a construir. Nós começamos a construir”. Ela relembra que em 2013 quando Luiz Viana propôs a criação da mesa de articulação dos problemas do Judiciário muitos não acreditaram que aquilo daria certo. “Quando Luiz resolveu congregar Tribunal, OAB, Defensoria Pública e Ministério Público dentro do Fórum Ruy Barbosa com pautas específicas, eu disse: ‘isso aqui é uma solução’. Estamos trabalhando de braços dados para termos uma solução para a cidadania baiana”. Com essa vontade de sempre fazer algo a mais, Ilana Campos convoca os colegas a estarem cada vez mais unidos, dispostos a lutar pelo bem comum e deixando de lado as diferenças. “O orgulho é importante, mas se livrem um pouco dele. Trabalhem muito mais do que podem e vão alcançar tudo o que querem”, alertou. Mulheres da OAB-BA
Em reconhecimento à participação feminina nos trabalhos da OAB-BA, a seccional deu início a uma série de reportagens especiais contando um pouco da trajetória de vida de algumas dessas mulheres que integram a Diretoria Executiva, o Conselho Seccional, CAAB, Escola Superior de Advocacia e as diversas Comissões da Ordem. A cada semana, será publicado um perfil contando a história e a trajetória profissional dessas advogadas que têm se dedicado à luta em defesa do Direito, algo indispensável para a expansão da Justiça na sociedade. Leia os textos já publicados
Ana Patrícia Dantas Leão: primeira vice-presidente da história da OAB-BA
Daniela de Andrade Borges: A Diretora Tesoureira
Fotos: Angelino de Jesus (OAB-BA)