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[Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial presta homenagem à Dora Betulio]

Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial presta homenagem à Dora Betulio

A Ordem das (os)  Advogadas (os) do Brasil, Seccional Bahia, através da Comissão de Promoção da Igualdade Racial, vem, no Mês de Julho de 2020, homenagear Advogadas Negras no “Julho das Pretas” em  mais um projeto da CPIR que visa enfrentar o racismo e suas implicações, traz a público breves palavras que são incapazes de exaurir a respeitável contribuição da Doutora Dora Lucia de Lima Bertúlio para o direito antidiscriminatório e para a sociedade brasileira.

Filha de um mestre de obras sindicalista e de uma dona de casa, natural da cidade de Itajaí em Santa Catarina, Dora Lucia de Lima Bertúlio foi uma precursora no estudo da relação do direito com o racismo. Sua história foi marcada pela Ditadura Militar, com a prisão arbitrária do seu pai, membro do Partido Comunista na época, após o golpe militar, em 1964, Dora passa por diversas dificuldades financeiras, o que faz com que sua família se mude para Curitiba.

Haja vista que, desde menina a discriminação racial inserida na sua vida, a desigualdade social presente em seu dia a dia, lhe fez tornar-se militante da causa antirracista após entrar para o curso de Direito na Universidade Federal do Paraná, onde inicia-se sua intensa militância no movimento estudantil. Porém,  convivendo ainda com o medo causado pela Ditadura e o risco de uma nova prisão do seu pai e seu irmão, Dora diminui sua militância dedicando-se mais á família.    

Inserida na advocacia, a nossa “Griô” vai residir em Cuiabá, onde passa a trabalhar na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, atuando nas questões das relações raciais e da violência contra mulher, voltando à militância onde passa a fazer parte do SOS RACISMO. Este é um programa que recebe denúncias de discriminação em razão de origem, raça, cor, etnia ou religião, visando o atendimento da população vítima de racismo, com foco prioritário na população negra, que, infelizmente, não logrou exito, devido as dificuldades na época e a pouca atenção da justiça no que se refere à temática. 

Dora Lúcia de Lima Bertúlio possui mestrado em Direito na Universidade Federal de santa Catarina e atuou como Procuradora-geral da Universidade Federal do Paraná, onde teve papel de destaque na  implementação do sistema de cotas da faculdade com base em ações afirmativas. Dora, também professora, especializou-se na influência do sistema jurídico na perpetuação do racismo no Brasil. Em 2009 publicou sua dissertação 30 anos após sua defesa com o tema Direitos e Relações Raciais, obra que merece destaque dentre outras de demais autores negros.

Salientamos a importância da professora na luta para a criação do movimento negro, onde a mesma começou várias articulações para o levante ao enfrentamento ao racismo com reuniões, seminários e discussões. Na luta constante, Dora foi a principal responsável a colocar a UFPR entre as primeiras universidades do Brasil a reservar cotas raciais e sociais no país. No Movimento Negro ganha destaque no Brasil, percorrendo  vários Estados com a participação da professora em todos eles,  passando a fazer um trabalho nacional que obteve diversas adesões ao sistema de cotas.
Assim, somos gratos e gratas por sua contribuição.

Erenito Santos Duarte
Membro da Comissão de Promoção da Igualdade Racial – CPIR

Dandara Amazzi Lucas Pinho
Presidenta da Comissão de Promoção da Igualdade Racial

REFERÊNCIAS
Choinski, rodrigo. Mulheres da UFPR: Dora Lucia Bertulio e o protagonismo na luta anti-racista. Disponível em : https://www.ufpr.br/portalufpr/noticias/mulheres-da-ufpr-dora-lucia-bertulio-e-o-protagonismo-na-luta-anti-racista/
Acesso em: 21/06/2020

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4728681Z3
Acesso em : 21/06/2020