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Caminhada pede justiça para advogado assassinado em Rio Real

Na manhã deste sábado (09), em Rio Real, o presidente da OAB da Bahia, Luiz Viana Queiroz, e a secretária-geral Ilana Campos participaram de uma caminhada que pediu justiça para o assassinato do advogado José Urbano do Nascimento Júnior, morto a tiros no Loteamento Primavera em 10 de novembro de 2012, crime que completa um ano neste domingo (10) sem solução. Também participaram da manifestação a advogada Lívia Souto e o estagiário Eliel Martin, da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB da Bahia.

A caminhada começou às 10h e contou com a presença dos pais de Urbano Júnior, José e Dulce do Nascimento, familiares, amigos, lideranças políticas e advogados da região. Da concentração na Praça Coronel Themis, conhecida como Praça da Caixa d'água, a manifestação seguiu pela Av Antônio Carlos Magalhães, até a Rua Padre Paranhos. Em diversos momentos da caminhada, Urbano Junior foi homenageado pelos participantes, que pediram o avanço das investigações e justiça para os assassinos. Colegas e amigos destacaram o caráter de Urbano Júnior e seu empenho por justiça para a comunidade. Dona Dulce, mãe do advogado assassinado, leu emocionada uma mensagem sobre o filho, a que chamou de "amigo da população de Rio Real, que tratava o pobre da mesma forma que tratava o rico" e destacou a sua vontade de servir a comunidade, lembrando que antes da advocacia, Urbano Junior fora o conselheiro tutelar mais votado da cidade. Outros manifestantes relembraram uma dezena de casos de homicídios na cidade que permanecem sem solução.  Em frente à Igreja de Nossa Senhora dos Paranhos, o grupo fez uma oração por Urbano Júnior, seguindo depois até a casa onde o advogado morava com a família, ponto final da caminhada.

O presidente Luiz Viana disse que a OAB vai continuar cobrando insistentemente a solução para o caso. "Não é aceitável que um ano após o assassinato do advogado José Urbano Junior o inquérito não esteja concluído", afirmou. "No Estado Democrático de Direito não podemos aceitar a falta de segurança, nem falta de apuração dos crimes e muito menos a falta de empenho das autoridades. O que a OAB quer, o que comunidade de Rio Real quer é que o assassinato do advogado José Urbano Júnior seja apurado de forma profunda e rápida. E nós estamos hoje nas ruas nesta caminhada por que este crime não está sendo apurado de forma profunda, nem de forma rápida". O presidente da OAB da Bahia prometeu ir ao secretário de Segurança Pública e ao governador, se preciso for, para buscar uma solução para o caso. "A OAB defende uma cultura de paz. E a paz depende de um compromisso nosso, com as nossas atitudes, mas também de que cobremos das autoridades públicas atitudes mais firmes na garantia da paz e da justiça", ressaltou.

O pai de Urbano Júnior, José Urbano, agradeceu a participação de todos e disse que "valeu a pena a vida curta de meu filho e tudo que ele fez por Rio Real". E completou "até na morte, Urbano Júnior está servindo a esta cidade, fazendo com que o povo de Rio Real, que estava com medo, venha para as ruas pedir paz e justiça e dar um basta nesta violência, para que casos como este não voltem a acontecer".

Luiz Viana afirmou que a população de Rio Real pode contar com a Ordem dos Advogados do Brasil e destacou ainda que "o compromisso da OAB com a advocacia é um compromisso com a cidadania". "Mais forte que o medo é a esperança, e nós estamos aqui por que nós temos paixão pela advocacia, coragem de lutar por justiça e esperança de que nossa luta não seja em vão", afirmou.

Relembre o caso

Na tarde de 10 de novembro de 2012, o jovem advogado de 28 anos dirigia seu veículo quando foi perseguido por um homem em uma moto e executado a tiros no Loteamento Primavera, no município de Rio Real, região nordeste do estado, a 200 km de Salvador. No mesmo ano, José Urbano fora agredido duas vezes por policiais militares. Em 15 janeiro, no exercício de suas atividades profissionais, José Urbano foi agredido por PMs daquele município. Após presenciar e tentar impedir agressões físicas praticadas pelos policiais contra um cliente no Departamento de Polícia Civil (Depol) de Rio Real, o advogado foi retirado a força da delegacia pelos policiais e espancado, ficando desacordado. Em julho, José Urbano sofreu agressões novamente depois de furar um bloqueio de uma guarnição da Companhia de Ações Especiais do Litoral Norte (CAEL). Por medo dos policiais, José Urbano desobedeceu a ordem da guarnição para parar, tendo parado apenas na delegacia, foi então novamente espancado, desta vez por um tenente da CAEL. Foto: Angelino de Jesus/OAB-BA