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[Agredido por policiais, advogado é expulso da Deam com tapas e empurrões]

Agredido por policiais, advogado é expulso da Deam com tapas e empurrões

Antônio André Mendes Oliveira estava representando sua cliente na Delegacia da Mulher, em Brotas, após mais um caso de violência doméstica

Em mais um caso lamentável de desrespeito às prerrogativas da classe, o advogado Antônio André Mendes Oliveira foi agredido física e psicologicamente por policiais da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, em Brotas.

O advogado se dirigiu à Deam, na noite do último dia 17, acompanhado de sua cliente, que havia acabado de sofrer violência doméstica, para prestar queixa contra o companheiro da mesma.

Chegando à Deam, advogado e cliente ouviram de um policial e da delegada plantonista Izabella Fernanda Santos Chamadoiro que a ocorrência não poderia ser feita, uma vez que já havia uma queixa registrada anteriormente pela delegada Muricy e que ambos deveriam voltar no dia seguinte.

"A delegada chegou a mandar telefonar para o governador Rui Costa e que a vítima fosse para casa, mesmo tendo ciência que o agressor reside sob o mesmo teto", disse o advogado.

Neste momento, de acordo com Antônio André, um agente que se identificou como Valter, em "desnecessário uso de truculência e agressividade física", o empurrou bruscamente em direção à porta de saída da delegacia.

Além do truculento agente Valter, outro agente que não se identificou também empurrou o advogado e uniu-se às ofensas verbais.

"Eram quatro policiais naquele recinto e apenas um deles tentou impedir a ação truculenta de seus colegas. A delegada que originou a querela quedou-se inerte em seu gabinete", disse o advogado, que acabou sendo expulso da delegacia com empurrões e tapas.  

Antes de sair, Antônio André conseguiu ligar para o advogado Francisco Moitinho Dourado, com o objetivo de constituir prova do ocorrido. O advogado agredido também chegou a ser filmado por uma policial, que não queria permitir sua saída do estacionamento. 

"Não bastasse todo tipo de violência sofrida pela vítima do advogado, ela ainda teve que assistir a atos covardes de policiais e da delegada que deveriam te dar proteção. É um atentado à dignidade da advocacia e ao livre exercício da profissão. Toda solidariedade ao nosso colega. Essa situação não vai ficar assim", lamentou o presidente da OAB-BA, Fabrício Castro.


Atuação da OAB-BA

Acionada no mesmo dia, a OAB da Bahia teve atuação imediata no caso. Por volta das 22h, a Comissão de Direitos e Prerrogativas da Seccional deu o atendimento inicial, encaminhando, posteriormente, seu vice-presidente, Saulo Guimarães, para acompanhar Antônio André e a vítima à Corregedoria da Polícia Civil.

"Demos uma resposta rápida a um pedido de socorro do advogado. Fizemos tudo que estava ao nosso alcance naquele momento, com alerta a todas as autoridades envolvidas na situação. Demos ao colega a certeza de que não estava sozinho", ressaltou o presidente da comissão, Adriano Batista.

Saulo Guimarães também destacou a pressa na atuação da Seccional. "Buscamos agir na mesma hora diante da gravidade da situação. É inconcebível que um advogado, acompanhado de uma cliente vítima de agressão, também seja agredido por agentes públicos que deveriam salvaguardar sua segurança e da sua cliente", lamentou.

O fato foi relatado na mesma noite à autoridade corregedora plantonista da Polícia Civil, tombada sob o registro CORREPOL SSA-AO-21-00046.

O advogado agredido deverá comparecer novamente acompanhado do advogado da Comissão de Prerrogativas, Orlando Nóbrega, nesta segunda-feira, 19 de julho, para conclusão dos procedimentos administrativos.