"A sensação era de que a gente estava fazendo história", diz Daniela Borges sobre votação que garantiu paridade de gênero na OAB
Entrevistada do OAB no Rádio, presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada falou sobre paridade na OAB, tema em pauta na 3ª Conferência da Mulher Advogada
Paridade de gênero será um dos assuntos em pauta na 3ª Conferência da Mulher Advogada, que acontece entre quarta e sexta (28 a 30). Para falar sobre o assunto, o OAB no Rádio desta terça (27) recebeu a presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB, Daniela Borges.
À frente do painel "Paridade no Sistema OAB", que acontece na quarta (28), às 9h30, Daniela explicou que as questões de gênero precisam ser discutidas, porque, apesar de conquistarem muitos avanços, as mulheres ainda enfrentam diversos desafios na profissão.
"Infelizmente, a sociedade ainda é muito excludente, não só na questão de gênero, mas na perspectiva racial também. Por isso precisamos de eventos como este, para tratar desses desafios", disse.
Com atuação decisiva na luta que garantiu paridade de gênero nas eleições da OAB, Daniela disse que foi difícil controlar a emoção durante a votação no Conselho Federal. “A sensação era de que a gente estava fazendo história para gerações futuras. A sensação era de que a gente estava fazendo história em um país com tanta desigualdade, sendo exemplo para outras instituições", disse.
Daniela também destacou a importância da aprovação de cotas raciais no mesmo dia da paridade. "Foi uma benção elas serem aprovadas juntas. Ou a igualdade é para todos e todas ou não é igualdade. Nas próximas eleições, vamos ter, também, cotas de 30% destinadas a candidatos negros, que é um compromisso da instituição com a igualdade", disse.
Ainda sobre a paridade, advogada destacou o pioneirismo da Bahia na conquista. "Mesmo sem compromisso, já tínhamos paridade aqui. Então, quando a gente foi para a OAB Nacional defender a obrigatoriedade da norma, a gente já tinha o exemplo", pontuou.
Daniela destacou que, aprovada a paridade, o maior desafio será mudar a história da OAB - nunca presidida por uma mulher em 90 anos de existência. "Passado todo esse tempo, ainda temos, hoje, 27 presidentes de seccionais homens e, dos 81 conselheiros federais, apenas 16 são mulheres. Na contramão da representatividade, entre a jovem advocacia, 64% é formada por mulher. É essa realidade que precisamos mudar", concluiu.