A OAB merece respeito
por Luiz Gabriel Batista Neves*
Li com preocupação e surpresa a manifestação do ex-secretário de Planejamento do governo Paulo Souto (DEM), Armando Avena, sobre a criação da Comissão de Acompanhamento Legislativo da OAB da Bahia, no jornal A Tarde de sexta-feira (21), dizendo ensinar aos seus alunos que a "OAB é apenas um grupo de pressão, um lobby".
Não me preocupo com os alunos, que certamente leram na internet, dias antes de sua coluna, nota da OAB sobre a comissão, criada segundo modelo do Conselho Federal, onde a Ordem reitera que "não é nem pretende ser fiscalizadora do processo legislativo até porque reconhece e defende a soberania popular que se espelha nos nossos parlamentares em todas as esferas". O papel histórico da OAB indica sua atuação na defesa dos direitos humanos e das aspirações democráticas do povo brasileiro, protagonista de movimentos como os em favor da Anistia, das Diretas Já, da Assembleia Constituinte, do Impeachment de Collor, ou, após a Constituição de 88, como controladora da constitucionalidade das leis, através de milhares de Adins.
Preocupa-me sua afirmação de que a OAB quer 'tutorar' o legislativo, dias após a negativa veemente da Ordem. Preocupa-me a razão de ignorar a nota da OAB e criticar o presidente da Câmara de Vereadores, que só reafirmou "a importância do fortalecimento do diálogo entre as instituições".
Causa-me surpresa que tenha se declarado 'arrepiado' com a nova comissão, já que, como ex-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia, deve conhecer estruturas similares em outros órgãos de classe. Surpreende-me ainda que, como professor de ciência política, aplique o conceito americano de "lobby" que no Brasil tem conotação negativa.
A OAB é mais que um órgão de classe, é a única entidade da sociedade civil reconhecida pelos constituintes de 1988 como instituição, e merece respeito.
*Luiz Gabriel Batista Neves é presidente do Conselho Consultivo dos Jovens Advogados da OAB da Bahia
Não me preocupo com os alunos, que certamente leram na internet, dias antes de sua coluna, nota da OAB sobre a comissão, criada segundo modelo do Conselho Federal, onde a Ordem reitera que "não é nem pretende ser fiscalizadora do processo legislativo até porque reconhece e defende a soberania popular que se espelha nos nossos parlamentares em todas as esferas". O papel histórico da OAB indica sua atuação na defesa dos direitos humanos e das aspirações democráticas do povo brasileiro, protagonista de movimentos como os em favor da Anistia, das Diretas Já, da Assembleia Constituinte, do Impeachment de Collor, ou, após a Constituição de 88, como controladora da constitucionalidade das leis, através de milhares de Adins.
Preocupa-me sua afirmação de que a OAB quer 'tutorar' o legislativo, dias após a negativa veemente da Ordem. Preocupa-me a razão de ignorar a nota da OAB e criticar o presidente da Câmara de Vereadores, que só reafirmou "a importância do fortalecimento do diálogo entre as instituições".
Causa-me surpresa que tenha se declarado 'arrepiado' com a nova comissão, já que, como ex-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia, deve conhecer estruturas similares em outros órgãos de classe. Surpreende-me ainda que, como professor de ciência política, aplique o conceito americano de "lobby" que no Brasil tem conotação negativa.
A OAB é mais que um órgão de classe, é a única entidade da sociedade civil reconhecida pelos constituintes de 1988 como instituição, e merece respeito.
*Luiz Gabriel Batista Neves é presidente do Conselho Consultivo dos Jovens Advogados da OAB da Bahia