Um evento histórico marcou as comemorações da OAB da Bahia em homenagem ao Dia Internacional da Mulher nesta terça (08). Pela primeira vez em 90 anos, a seccional baiana comemorou a data com três mulheres à frente da diretoria.

Além da presidenta Daniela Borges, da vice, Christianne Gurgel, e da secretária-geral, Esmeralda Oliveira, o encontro "OAB Lugar de Mulher" reuniu conselheiras e advogadas baianas em uma noite voltada à arte e discussão sobre as conquistas e desafios da mulher advogada.

O evento foi realizado no Casarão Dezessete, no Pelourinho, com transmissão YouTube, e contou com as posses das representantes da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher e da Comissão da Mulher Advogada da seccional. Estiveram presentes as deputadas Olívia Santana e Fabíola Mansur e a assessora especial da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia, Vivian Caroline, representando a secretária Julieta Palmeira.

Abrindo as atividades, a presidenta da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher da OAB-BA, Renata Deiró, lembrou que séculos se passaram e até hoje as mulheres não alcançaram a igualdade que pretendiam. "O IBGE revela que as mulheres brasileiras recebem, em média, 79,5% do salário de um homem, e essa diferença ainda é mais aguda se estamos falando de mulheres negras, imigrantes ou mães", destacou.

Apesar das dificuldades, a presidenta da Comissão da Mulher Advogada da seccional, Daniela Portugal, ressaltou que as mulheres advogadas vivenciaram importantes conquistas no triênio passado. "Ambas conquistas com a presença marcante de baianas e baianos na linha de frente. São elas a paridade de gênero e cotas raciais, que mudaram decisivamente nossas normas eleitorais e nos preparam para um novo tempo", disse.
A secretária-geral da OAB-BA, Esmeralda Oliveira, disse que a Ordem avançou muito. "Conseguimos conquistas importantes, como paridade e as cotas raciais. A OAB, hoje, é plural, tem espaço para todos e todas", destacou.

Paridade na CAAB

Parceira da OAB da Bahia em diversas políticas assistenciais, a Caixa dos Advogados também marcou presença no evento. O presidente da instituição, Maurício Leahy, destacou a alegria de participar da celebração e lembrou que a CAAB acompanhou a paridade e cotas implantadas na Ordem. "Hoje nós temos quatro mulheres e quatro pessoas autodeclaradas negras na diretoria", disse.

Como parte feminina da diretoria, a vice-presidenta da CAAB, Cléia Costa, destacou a importância de gerações passadas nas conquistas atuais. "Em nome de Joselita Leão, gostaria de homenagear as mulheres das gerações anteriores, que em momento algum recuaram de pensar no que viria depois", disse.

A Escola Superior de Advocacia (ESA) da OAB-BA foi representada pela sua diretora-geral, Cínzia Barreto, que destacou a importância da sociedade se mover para criar espaços de acesso na educação. "Se não abrirmos as portas, a educação não roda sozinha. Então convido a todos e todas para fazerem esse movimento pela educação da nossa comunidade", convocou.

Protagonismo feminino

Fazendo uma dobradinha histórica ao lado de Daniela Borges, pois pela primeira vez no país uma seccional da OAB tem duas mulheres na presidência e vice-presidência, a vice Christianne Gurgel destacou a emoção de viver um "marco histórico nacional" e ressaltou a importância do papel da mulher advogada enquanto "operária do direito". "Não podemos esquecer que a nossa importância é grande para fazer o Judiciário pensar e decidir a partir de uma nova perspectiva, em especial a perspectiva de gênero", ressaltou.

Bastante emocionada, a presidenta Daniela Borges disse que o maior significado de estar na presidência é não ter chegado só. "Eu cheguei com cada uma das advogadas baianas que lutam no dia a dia da profissão. Cheguei graças à luta de muitas mulheres que vieram antes de nós e que não tiveram espaço e não conseguiram se manter na profissão", disse.

Daniela também ressaltou que o dia é de celebração do protagonismo das mulheres. "Por isso quero destacar, hoje, minha alegria de estar na diretoria com Christianne Gurgel e Esmeralda Oliveira. Trabalhamos internamente para ter paridade na Bahia, quando não era nem obrigatório. E foi por causa dessa nossa força que a paridade de gênero se tornou obrigatória em todo o país", afirmou.

O evento contou, ainda, com uma programação cultural, marcada pelos versos da poetisa Luciene Nascimento sobre identidade, estética e autoestima da mulher negra, apresentação musical da Banda Ohana e com o vídeo mapping do VJ Caetano Brito em homenagem às mulheres. Pela primeira vez realizada pela seccional, a projeção na fachada do casarão chamou a atenção das convidadas e trouxe beleza e arte à noite.

Foto: Amgelino de Jesus (OAB-BA)