Nesta quarta-feira (20), a OAB-BA sediou a edição baiana do “Quero Você Eleita”, evento que visa fortalecer e incentivar candidaturas políticas de mulheres. O encontro foi uma parceria entre a startup Quero Você Eleita e a OAB-BA  e teve o intuito de levar para pré-candidatas baianas informações importantes para que consigam se eleger. As participantes ouviram apresentações sobre inteligência emocional e comunicação positiva, marketing político e campanha, temas relevantes para as eleições 2022 e sobre regras jurídicas e legislação eleitoral.

A presidenta da OAB-BA, Daniela Borges, realizou a abertura do evento. “A OAB-BA atua diariamente pela democracia, pela cidadania, pelos direitos fundamentais e pela promoção da igualdade. A gente vive num país marcado por desigualdades, exclusões e violências e se nós não fizermos a nossa parte, nós não mudaremos a realidade”, discursou a líder da advocacia baiana”.

A secretária estadual de políticas para as mulheres, Julieta Palmeira, esteve presente no evento e destacou, em sua fala, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no ambiente político. ““A política é um dos lugares mais inóspitos para as mulheres. Da eleição de 2010 para 2018 pouca coisa mudou. Como pode ser uma democracia representativa se o segmento majoritário [da população] é minoria política?”, questionou. Também estiveram presentes  a deputada federal Lídice da Mata e a deputada estadual Fabíola Mansur.

O encontro seguiu uma dinâmica baseada em rodas de conversa, na qual as participantes puderam fazer perguntas ao longo das explanações e contar as suas experiências e trajetória na política.

A jornalista Erica Ferraz foi a primeira a se apresentar com o tema “Inteligência Emocional e Comunicação Positiva”. Ferraz falou sobre a necessidade da preservar da saúde mental e de saber lidar com as emoções em um ambiente de muita pressão, como o da política. Destacou a importância de um sono e uma alimentação de qualidade durante a campanha e deu dicas de postura corporal, como falar de forma segura e criar empatia com o eleitor.

“Não tenham medo de saber o que está acontecendo com vocês. É isso que vai fazer vocês enfrentarem a política com mais equilíbrio e força. “Se eu não sei o que tá se passando comigo eu não posso controlar”, refletiu a jornalista.

O segundo painel foi comandado por Gabriela Rollemberg, advogada, cientista política, CEO e cofundadora da “Quero Você Eleita” e da “Elas Pedem Vista”. Rollemberg falou sobre a trajetória e os projetos da “Quero Você Eleita”. “Quanto mais mulheres na política, mais a gente muda a política, a sociedade, a nossa cultura. As mulheres têm reproduzido uma nova forma de fazer política”, afirmou a advogada.

A promotora de justiça Lívia Vaz, titular da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, tratou dos temas relevantes para a eleição, focando nos desafios adicionais que mulheres negras e indígenas enfrentam quando entram para a política.   “Quando eu falo das nossas diferenças não é para nos dividir, é para nós nos compreendermos. Ser antircaista também é votar em negro. Ser antisexista também é votar em mulher. Não precisa ser negro para ser antiracista e nem mulher para ser antisexista”, concluiu.

A presidente da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher da OAB-BA, Renata Deiró, fez uma participação especial durante a fala de Vaz. “Quando a gente vive em uma sociedade marcada pelo machismo e pelo racismo estrutural, não há como fazer justiça se a gente não incluir essas minorias políticas para que falem por si mesmas”, ponderou Deiró.

A estrategista em comunicação política e campanha digital Luka Ulhôa abordou a importância das redes sociais e da internet em uma campanha política. “A sua rede social é o seu principal canal de comunicação com o seu público. A internet não é um palanque para você fazer discurso político. A internet não é fim, ela é meio. É lá que você vai criar um relacionamento para transformar o seu seguidor em votante”, aconselhou.

As advogadas especialistas em direito eleitoral Karina Calixto e Renata Mendes trataram das regras jurídicas e da legislação eleitoral. Abordaram as normas para candidatura, propaganda eleitoral e prestação de contas a partir de um aspecto prático. Calixto também aproveitou a oportunidade para falar sobre violência política de gênero. “Ataque e crítica política são duas coisas totalmente diferentes. Normalmente, quando é direcionado ao homem você fala sobre uma ideologia, uma atitude, uma situação. A mulher, não. A mulher é criticada pelo papel que ela deveria exercer, pela sua sexualidade, pela sua aparência física, vestimenta”, relatou a advogada.

O evento foi transmitido ao vivo e está disponível no canal do YouTube da OAB-BA.