"O Prêmio Luiz Gama é um passo importante no caminho da reparação", afirma Tiago Freitas
Tiago Freitas é representante da Comissão Estadual da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Brasil
O OAB TV desta quarta-feira (23) recebeu o advogado e representante da Comissão Estadual da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Brasil, Tiago Freitas. O OAB na TV é apresentado por Milena Barreto e realizado em parceria com a Fundação Paulo Jackson e Assembleia Legislativa da Bahia.
Em virtude da pandemia causada pelo coronavírus, a entrevista não aconteceu no estúdio da TV ALBA, como rotineiramente, mas em live no Instagram, transmitida pelo perfil da Seccional, @oab.bahia. O programa vai ao ar todas as quartas-feiras, às 9h, e a live fica disponível por 24 horas no perfil da OAB-BA.
No programa de hoje, foi falado a respeito da importância do Prêmio Luiz Gama, criado pelo Conselho Federal da OAB com a finalidade de reconhecer o trabalho de personalidades da advocacia e instituições na luta contra o racismo. "Essa é uma iniciativa importante que caminha no sentido da reparação, mas ainda é um trabalho tímido que não tem o impacto necessário para modificar a realidade do racismo dentro da advocacia", destacou Tiago Freitas.
Luiz Gama era filho de uma mulher que foi escravizada com um senhor de escravos. Ele foi injustamente escravizado e vendido pelo próprio pai. Anos depois, conseguiu provar isso nos tribunais e conquistar a tão sonhada liberdade. A partir desse momento, passou a se engajar na defesa e liberdade de outros escravizados e se notabilizou como um rábula. Em 2015, a OAB o reconheceu como advogado.
"Todo esse movimento de visibilidade corrobora como o que a gente conhece como direito fundamental à memória, que vem sendo desenvolvido recentemente. As personalidades negras sofrem muito com essa invisibilidade", frisou Tiago.
Cotas raciais
De acordo com o advogado, uma medida fundamental para se alcançar a paridade racial na advocacia é estabelecer as cotas nos conselhos das OABs. Ele citou o exemplo a experiência bem-sucedida da Seccional Bahia, que foi pioneira na paridade de gênero e dessa forma vem conseguindo importantes vitórias na valorização da mulher no universo jurídico.
"Os advogados e advogadas negros ainda vivenciam muitas situações de racismo nos tribunais. Isso acontece porque a figura do advogado negro ainda é muito desprezada no cenário judicial, pois há uma ideia de que os negros não podem ocupar esses espaços", explicou.